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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Corrigindo informações equivocadas do Leonardo de Moraes no GRTV

Prezado Otavio Chamorro e leitores do GRTV,

Comento as afirmações do Leonardo de Moraes em mensagem para Otavio Chamorro, que considero serrem equivocadas e não condizerem com a verdade.

Leonardo diz que a AR assumiu uma determinada postura em relação à classificação indicativa "que é o contrário à classificação indicativa" e isso não é verdade.

A AR se posiciona desde 2007 através de manifesto público assinado pelo Presidente Marcílio Moraes e dezenas de associados onde "Esclarece que é a favor da classificação indicativa de faixa etária dos programas de televisão. Sabe que essa classificação é um direito do cidadão,  garantido na Constituição. E concorda (...) que a classificação deve ser resultado de um diálogo permanente com a sociedade. Mas é contra a associação entre classificação indicativa e horário obrigatório de exibição do programa.
http://www.ar.art.br/informateca/escritos/atualidades/janeiro/manifesto.htm

A AR só é contra a "associação entre classificação indicativa e horário obrigatório de exibição", a AR é "a favor da classificação", que fique claro. Ser contra a "vinculação de horário" é uma posição legitima da AR, mas "basta analisar a história mundial" para perceber que a "vinculação de horário" é prática adotada - seja ela exercida pelo Estado ou em modelo auto-regulamentado - na Europa, nos EUA, em outros países da América Latina, e em quase todos os países civilizados.

Porém, mesmo a AR se posicionando oficiamente "a favor da classificação indicativa", ou seja, a favor do direito de todo pai ser informado sobre conteúdos que possam considerar inadequados para seus filhos em obras audiovisuais, o Presidente da AR foi na imprensa dizer que "nós sempre fomos contra a classificação", e atacar a classificação indicativa - não a vinculação de horário - junto com um grupo novelistas que ele chamou de "poucos autores mais expressivos", não por acaso, contrários à classificação indicativa, não somente contrários à vinculação.

Diz Leonardo: "Certa ou errada, é tem sido a posição oficial da AR enquanto instituição, expressada pelo presidente Marcílio Moraes. Ele e a Diretoria tem mantido sua coerência no tema e, enquanto os associados assim os legitimarem, essa será a posição oficial da AR."

Coerência é uma palavra que não pode ser usada para descrever a trajetória das posições do Presidente da AR sobre a classificação indicativa. Em 2007 assina um documento público dizendo ser "a favor da classificação indicativa pois sabe que é um direito constitucional do cidadão e que a classificação deve ser resultado de um debate permanente com a sociedade ".

Em 2010, sem consultar sua diretoria ou seu colegiado o Presidente vai na imprensa "reafirmar sua posição contrária a classificação", dizer que nós "sempre fomos contra a classificação" e afirmar que estava sendo "censurado" por não poder dizer que sua novela Ribeirão do Tempo era Livre para todos os públicos, mesmo sendo uma novela de conteúdo maduro, e mesmo sem que a reclassificação tivesse interferido no horário ou no conteúdo da novela, pois ela passa tarde da noite. Novamente sem consultar sua diretoria ou seu colegiado, o Presidente marcou publicamente através da imprensa um encontro com o Secretário Nacional de Justiça para debater a classificação, e convidou para participar com ele, o que definiu em suas palavras públicas como "poucos autores mais expressivos". Semanas depois - quando viu que não tinha condições de debater a classificação pois não sabia nada do assunto  - se arrependeu e começou a dizer na imprensa que os autores estavam muito ocupados com suas novelas para se reunir com o Secretário, depois disse que a época de eleição não era boa pra debater, e que iríamos deixar para o ano que vem, e por fim, decidiu sozinho e comunicou para a imprensa que debater a classificação era contra seus princípios e contra os princípios fundamentais da AR. Ou seja, a incoerência é flagrante.

Diz Leonardo:  "Estamos em uma democraria, cuja sabedoria é a seguinte: vence a maioria."

E a maioria é "a favor da classificação indicativa de faixa etária dos programas de televisão. Sabe que essa classificação é um direito do cidadão,  garantido na Constituição. E concorda (...) que a classificação deve ser resultado de um diálogo permanente com a sociedade."

Leonardo me acusa sem me citar: "As discussões que surgiram nos últimos meses decorrem da postura dos discordantes."

Eu só entrei na discussão mais tarde. Antes de eu entrar na discussão, o Presidente já havia dado o tom do debate com essa singela mensagem onde descreve o processo de classificação e seus envolvidos":

"(...) O processo é o seguinte. De início, a emissora tem que mandar para o Ministério da Justiça a sinopse da novela com uma sugestão de classificação, tipo, livre, ou para maiores de dez anos, etc.  Os bacanas lá de Brasília lêem o negócio e podem concordar ou não. Geralmente concordam. Aí a novela começa a ir ao ar. Se eles acharem que está tudo bem, fica mantida aquela classificação. Se não, eles têm o poder de alterar como decidirem.  Minha novela teve a sugestão inicial de ser livre. A emissora que falou isso, eu não disse nada. Os burocratas de Brasília aceitaram. Ela foi ao ar  e agora eles se assustaram e reclassificaram para dez e depois para 14 anos. É assim que funciona. Sobre os "jovens bem nascidos", acho que o Salvá respondeu à perfeição.  Você acha que aos 65 anos, depois de tanta porrada vida a fora, eu vou aceitar que alguém, jovem ou velho, gênio ou babaca, venha me dizer o que é adequado para o público que eu escrevo? Este é o argumento fundamental. Não me importa se é bom ou mau, quero que se foda, posso ser obrigado a me submeter, mas aceitar de bom grado, jamais. Não vou me negar como escritor, como intelectual, como ser humano por causa das normas que algum paspalho resolveu que refletem o bem comum.  Ainda que refletissem: foda-se o bem comum! Mais vale a minha consciência individual concreta que qualquer conceito coletivo abstrato.
Abração. Marcilio "
http://br.groups.yahoo.com/group/assoc_roteiristas/message/29933 (22/07/2010)

Eu, pelo contrário, sempre tentei mover o debate para algo produtivo, e fiz propostas concretas de encaminhamento. Está tudo documentado. Uma semana depois da mensagem insultuosa e contraproducente do Presidente, fiz uma proposta de documento de consenso para ser publicado chamado "proposta para mudar a classificação indicativa da televisão aberta" que recebeu imediatamente 4 votos a favor, inclusive de outros membros da diretoria, e apenas um contrário, mas o Presidente Marcílio - mesmo achando a proposta "interessante" - barrou o processo dizendo que não havia "nada em votação." Como Diretor da AR endossei a proposta de criação de uma comissão Oficial da AR para debater o tema, criei o canal do Yahoo para isso, mas o Presidente não permitiu que a comissão fosse criada por achar - apesar de ter sido ele quem trouxe a pauta - que não era uma "questão oportuna para a gente discutir no momento".

Leonardo diz: "Ao invés de montarem uma chapa de representantes para a próxima assembléia da AR, preferiram vazar o conteúdo das discussões internas para a mídia."

Essa afirmação é absurda. Por várias vezes meu ex-colega de diretoria - afinal até meu desligamento eu sempre fui o Diretor Regional Sul da AR - repete que eu deveria "montar chapa" para resolver qualquer questão. É sintomático do autoritarismo e da percepção equivocada que o direito do colegiado e dos membros do colegidado é de alguma maneira inferior do que o da diretoria. "Eu já sou chapa, véio", diriam meus colegas do movimento estudantil. Minhas ações e palavras visaram sempre defender os interesses de todo o colegiado da AR, e essa também deveria ser a postura do nobre colega diretor.

Pelo Presidente da AR, por alguns de meus colegas de diretoria, pelo Conselheiro Tiago Santiago, fui acusado de um monte de coisas. Fui sentenciado oficialmente - sem ser ouvido e sem nunca terem respondido duas defesas para duas peças acusatórias diferentes que me foram enviadas - pelo crime de "violar os termos de serviço do yahoo", sendo o yahoo diz que nunca violei termo algum. A acusação que o Doutor Leonardo de Moraes faz no momento: de que eu teria cometido o ato de "vazar o conteúdo das discussões internas para a mídia" é ridículo, tão ridículo, que eu nem vou dar ao trabalho de me defender. Só explico o fato: publiquei no twitter do site, grupo, comunidade, blog roteirodecinema.com.br que eu edito, a seguinte frase, retirada de comunicação interpessoal escrita e pública entre Fernando Marés de Souza e Marcílio Eiras Moraes:

"Marcilio Moraes disse aos colegas "foda-se o bem comum". Eu respondi: "vai tomar no meio do cu da tua consciência individual concreta”.

Escrever essa frase no Twitter é meu direito legítimo. É meu direito de associado da AR, meu direito de membro da lista de discussão do AR, é meu direito de roteirista, de cidadão, de editor, de ser humano. Ao cometer esse ato não infringi nenhuma regra, lei, termo ou norma. Mesmo assim, a o Presidente Marcílio Moraes me suspendeu indeterminadamente da entidade alguns minutos depois de eu ter publicado a frase. Me desligou da lista da Diretoria e do Colegiado, publicou sentença me acusando de "violar sigilo" sem me notificar, sem me ouvir, sem que eu tivesse o direito à ampla defesa e ao contraditório, e mesmo assim permitiu que eu fosse covardemente atacado com xingamentos, ofensas e acusações difamatórias sobre minha pessoa durante minha ausência na lista.

Diz Leonardo:  "No meu ponto de vista, esse tipo de postura é contrária ao fairplay. É como um time que, ao perceber que está perdendo, resolve dizer "não quero mais jogar", paraliza o jogo e sai por aí xingando o juiz."

Pergunto: que Juiz, Doutor Leonardo? Nesse jogo tem dois times e nenhum juiz. Eu saio xingando porque fui xingado. E saio xingando o dono da campinho que me expulsou do jogo sem eu ter cometido falta. Eu clamo por justiça, Doutor Leonardo, para que as acusações difamatórias imputadas a minha pessoa, que eu teria "violado termos", "quebrado sigilos" sejam esclarecidas. Em nome da verdade e da justiça. E do bem da AR, que tem dezenas de esqueletos no armário desses últimos anos que precisam ser passados à limpo. Só nesse semestre, uma dezena de roteiristas se desligaram da Associação por acreditar que Marcílio não os representava com justiça.

Não é uma questão de discordar de opinião, mas sim de atitudes e de princípios. O Marcílio, como Presidente da AR, não é o Rei da AR. Seus direitos de Presidente são limitados - como de todo presidente não ditador - às decisões do Colegiado, da maioria dos associados. E as decisões do colegiado tem sido desrespeitadas pelo Presidente.

Agora eu te pergunto: isso é válido?"

Concordo com o Leonardo que se deve conhecer trabalho da AR, e a melhor maneira é lendo o Roteiro de Cinema. Ou era, mas talvez um dia volte a ser. Mas para isso é preciso que a AR tenha um presidente que respeite a liberdade de acesso a informação, a liberdade de expressão e de comunicação.

Eu sempre trabalhei pela AR e pela união dos Roteiristas, e todos que me conhecem pessoalmente ou virtualmente sabem disso. A AR como união de todos os roteiristas nasce de fato de uma mensagem minha "O Futuro da ARTV". E é por acreditar que no atual momento a Diretoria da AR fere esses princípios, que me desliguei da entidade, para que minha situação na AR seja esclarecida, esperando talvez que a futura diretoria tenha ao menos a honra de responder minhas defesas e se julgar que as acusações que me imputaram são falsas, emitir uma retratação pública limpando meu nome.

Procurem se informar,

Fernando Marés de Souza




Otavio,



a classificação indicativa não é um problema por si só,
não fosse o fato de estar atrelada a uma obrigatoriedade de
horários. Um programa que contenha determinados conteúdos,
entendidos pelo MJ como inapropriados, é proibido de ser veiculado
nesse ou naquele horário na TV aberta. Isso pode ser considerado - e
é considerado por muitos - como uma espécie de censura de
conteúdo. Por que? Porque as análises de pertinência e
adequação de uma obra são feitas por pessoas que não
necessariamente têm capacidade para analisar subtextos, profundidade
artística ou relevância dos temas discutidos. O MJ elaborou uma
espécie de cartilha, onde tenta criar critérios objetivos para a
tal classificação indicativa. Acontece que impor critérios
objetivos na arte é sempre um desserviço, basta analisar a
história mundial...

Enfim, o assunto da classificação indicativa é polêmico. A AR
sabe disso e se posicionou. Assumiu uma determinada postura com
relação ao assunto - que é o contrário à classificação
indicativa, a obrigatoriedade de horários e a consequente análise
de pertinência das obras audiovisuais - e tem procurado se manter
nessa linha.

Por isso que a AR tem procurado se abster dos encontros que debatem o
dueto Classificação Indicativa/Obrigato
ridade de horários. Como
debater critérios operacionais de algo que se é contra a
própria implantação? Certa ou errada, é tem sido a posição
oficial da AR enquanto instituição, expressada pelo presidente
Marcílio Moraes. Ele e a Diretoria tem mantido sua coerência no
tema e, enquanto os associados assim os legitimarem, essa será a
posição oficial da AR. Estamos em uma democraria, cuja sabedoria é
a seguinte: vence a maioria.

As discussões que surgiram nos últimos meses decorrem da postura
dos discordantes. Ao invés de montarem uma chapa de representantes
para a próxima assembléia da AR, preferiram vazar o conteúdo
das discussões internas para a mídia. Ao invés de procurarem a
representatividade da classe, acabaram fazendo de tudo para abalar a
credibilidade do atual presidente da AR e da própria instituição.
Agora eu te pergunto: isso é válido?

No meu ponto de vista, esse tipo de postura é contrária ao
fairplay. É como um time que, ao perceber que está perdendo,
resolve dizer "não quero mais jogar", paraliza o jogo e sai por aí
xingando o juiz.

Mas, independentemente dessa situação toda, repito: vale a pena
conhecer o trabalho da AR e vale a pena procurar se envolver com a
situação política do roteirista no nosso país. Unidos,
conseguiremos mais respeito como profissionais da escrita.

Grande abraço,

Leonardo

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Mensagem ao Leonardo de Moraes do GRTV

Reproduzo uma mensagem até hoje não respondida que enviei ao Leonardo de Moraes - moderador e owner do GRTV e diretor da AR - através da lista da AR.

Gostaria de lembrar que sempre promovi o GRTV no Roteiro de Cinema e as novidades do blog do Leonardo estão incorporadas neste blog na barra direita.

Como Leonardo anda escrevendo coisas equivocadas sobre meu caso na AR em seu grupo de discussão e não permite que eu apresente ali minha versão e conteste suas afirmações, peço que os membros do GRTV cobrem que ele responda as perguntas da minha mensagem enviada dia 21/10/2010

As perguntas são:

Os fatos imputados à minha pessoa feitas no comunicado público de 29 de Setembro e da Notificação do dia 05 Outubro são verdadeiros?

Você sustenta a afirmação que diz que "O afastamento da lista de discussão aberta a todos os associados se deve à quebra de sigilo, à utilização de linguagem chula e à provocação sistemática dos membros da diretoria, violando assim ao que preleciona o Termo de Serviço do Yahoo! Groups, em especial os itens um e seis do referido documento disponível através do site HTTP://info.yahoo.com/legal/br/yahoo/utos/utos-173.html"

Você confirma que o texto acima confere com a verdade, doutor? O doutor leu os Termos de Serviço do Yahoo, e pode me indicar onde estão "prelecionadas" as razões alegadas para meu afastamento?

Por qual razão minhas defesas nunca foram respondidas?

O doutor já leu "Eumênides", de Ésquilo?

E uma pergunta bem simples que fiz na mensagem anterior, que o amigo Leonardo nunca respondeu: "Você contesta algum argumento meu que usei alguma vez em minha vida? " 

Responda minhas perguntas, conteste meus argumentos, responda minha defesa, conteste e refute as acusações que fiz ao Presidente da AR, doutor Leonardo. Esclareça as acusações públicas que pesam sobre a Diretoria da AR ou renuncie ao seu cargo de Diretor, nobre colega.

Espero sua resposta. Resposta pública.

Seguem as mensagens na íntegra.

===

Em 10/21/2010 16:06, Fernando Mares escreveu:

Prezado Mestre Leonardo,

Você se equivoca e parece desconhecer o que se passou. Eu acuso o Marcílio de desrespeitar decisões coletivas expressas no Manifesto de 2007, o que fere o Estatuto da AR, e acuso a Diretoria de me difamar e escrever mentiras sobre minha pessoa - afirmações que nunca foram contestadas - minha indignação é justa e legítima, e sempre agi dentro da lei. O Presidente não pode falar pela AR se o que fala contradiz decisão do colegiado, simples assim. E se minhas revindicações não foram atendidas, deveriam ser ao menos respondidas ou contestadas.

E você dissimula, me julga novamente, faz ilações, e não esclarece os pontos que questiono, então vou ser bem claro em minhas perguntas:

Os fatos imputados à minha pessoa feitas no comunicado público de 29 de Setembro e da Notificação do dia 05 Outubro são verdadeiros?

Você sustenta a afirmação que diz que "O afastamento da lista de discussão aberta a todos os associados se deve à quebra de sigilo, à utilização de linguagem chula e à provocação sistemática dos membros da diretoria, violando assim ao que preleciona o Termo de Serviço do Yahoo! Groups, em especial os itens um e seis do referido documento disponível através do site HTTP://info.yahoo.com/legal/br/yahoo/utos/utos-173.html"

Você confirma que o texto acima confere com a verdade, doutor? O doutor leu os Termos de Serviço do Yahoo, e pode me indicar onde estão "prelecionadas" as razões alegadas para meu afastamento?

Por qual razão minhas defesas nunca foram respondidas?

Ao contrário do Marcílio, não me calo com ameaça de processo, então nem adianta tentar doutor, ainda mais fazendo ameaças de ter maior poder econômico, que o foro é no Rio, etc, em minha vida já entrei em litígio com o Governo Brasileiro e com o Exército Brasileiro, para ganrantir meu direito de ser cidadão brasileiro, e com grandes corporações privadas internacionais para garantir meu direito de livre expressão e manifestação artística, incluindo grupos privados de mercenários armados, que ganham dinheiro matando pessoas, então note que eu não funciono pelo Temor, e sim pela Reverência. Uma diferença bem grande entre eu e o Presidente.

Eu já parei de "vazar" as mensagens para imprensa, pois agora existe uma regra que proíbe isso, ao contrário de antes, quando estava em meu direito, e se tem uma coisa que eu respeito, são normas escritas que visam refletir o bem comum.

E quem deve encerrar esse assunto é a Diretoria, se retratando formalmente e se desculpando formalmente do que fez comigo, não eu.

Se eu escrevi para você em lista aberta é por razões óbvias, pois foi em lista aberta que você insinua que causei "incômodo" e sou um diretor entre aspas. Por isso aguardo sua resposta pública - e respondendo as questões que faço - em lista aberta, para onde respondo essa mensagem, dentro da lei e das regras da lista da AR.

Vale lembra que a opinião sobre "perder o caso criminal" é só sua opinião, e é diferente da opinião do Delegado, diferente da opinião de um amigo que trabalha no Ministério Público, e de um importante Juiz de direito, que é inclusive cotado para assumir a vaga do Grau no Supremo, pra quem trabalhei como office boy há 20 anos, e para quem pedi aconselhamento, que ficou tão indignado com a situação - e quando leu que o Presidente escreveu "foda-se o bem comum", que quis escrever um artigo sobre o respeito aos princípios fundamentais de justiça, ao direito do próximo e ao bem comum na revista da OAB local, criticando o Presidente da AR, mas eu demovi ele da ideia. Em nome da "preservação da instituição". Ele riu e se contentou em soltar uns palavrões adjetivando nosso presidente.

A lista com 26 pontos básicos que precisam ser esclarecidos é o MEU chamado à razão, doutor. E eu ainda não endento um monte de coisa, então pode ter certeza que não estamos entendidos.

E já que você gosta de citações de Nietszche, segue outra de O Crepúculo dos Ídolos: "Que importa que eu tenha a razão! Disponho de excesso de razão. — E ri melhor hoje quem ri por último."

E uma última pergunta: o doutor já leu "Eumênides", de Ésquilo?

Fernando Marés de Souza
Diretor Regional Sul da AR


Em 10/21/2010 10:34, Leonardo de Moraes escreveu:

Fernando,
sempre admirei o seu trabalho à frente do "Roteiros de Cinema", as divulgações na web, twitter e cia. Posso dizer que, há alguns anos, teu site me ajudou muito e também, até há pouco, estava contente de ver o seu engajamento e trabalho na AR.
Infelizmente, diante de uma diferença de opiniões políticas - nada mais comum que isso dentro de associações e sindicatos - o que eu e os demais associados testemunhamos foram ataques pessoais e uma campanha para descredenciamento da própria associação e seus representantes.
Se você possuía suas razões, deveria ter procurado representatividade, entrado em contato com os demais colegas associados e, porque não, com o próprio Marcílio - que é o atual presidente, mas jamais se negou ao diálogo aberto. Você deveria ter lançado uma outra chapa para as eleições, onde, quem sabe, você poderia assumir a responsabilidade de falar pela própria AR. Isso sim seria a via democrática, responsável e madura de se proceder e - claro - mudar todas as situações das quais discorda. Afinal, não era esse o seu objetivo?
Infelizmente, em algum momento dessa história toda os teus objetivos se tornaram secundários. Prosperou a indignação pessoal, o orgulho de não ter suas opiniões atendidas prontamente... Ora, meu amigo, quem é ouvido prontamente nesse mundo? Nem Cristo foi.
Falo com franqueza, peço que me ouça. Não estou aqui para apontar os teus defeitos, mesmo porque não o conheço pessoalmente. Posso te passar o meu ponto de vista, compartilhado pela maioria dos associados da AR. E se deseja ser escutado, é importante que também escute.
E-mail a e-mail, as razões de fundo que, eventualmente, você poderia ter, foram se diluindo. Se havia alguém interessado na sua opinião sobre, p.ex. classificação indicativa, isso agora é passado. Hoje, a imagem que tem perante os demais associados é a seguinte: você levou discussões políticas para o pessoal, incitou brigas, provocou despropositadamente, usou da imprensa para resolver questões internas, exagerou no sarcasmo, ironia e chulices... E pareceu contente ao incitar a própria desagregação da AR. Se foi essa sua intenção? Não sei, ninguém sabe. Na verdade, isso já não importa mais, porque a essa altura, o cansaço tomou conta de todos. As coisas acabam se tornando o que parecem ser.
Veja só como a sua postura é complicada...
Esse email que você mandou para mim, é para conversar comigo, esclarecer alguns pontos, ou para tornar pública uma vez mais a sua indignação? Para que copiou a lista da AR, quando desejava falar exclusivamente comigo?
Não quero discutir com você.
Mas estou nesta história para ajudar na preservação da AR.
Nesse papel que me comprometi a desempenhar, te faço um lembrete: não caminhe em direção às ameaças jurídicas, meu amigo.
Além e muito antes de ser roteirista, também sou advogado atuante. Sou sócio de um dos maiores escritórios de advocacia de São Paulo, formado e mestre pela USP, professor da pós do Mackenzie, trabalhei na assessoria jurídica do governador do Estado de São Paulo... Enfim, não cabe aqui enumerar meu currículo. Mas quero dizer que tenho experiência de sobra pra afirmar o seguinte: você irá perder caso tente mover um processo-crime contra a AR, ou mesmo contra a pessoa física do Marcílio. Te falo numa boa - não estou ameaçando. As provas, sejam documentais ou testemunhais, estão a favor da associação. Os próprios associados estão contra a sua postura. Perder significa, além de tudo, perder muito dinheiro. Lembre-se disso...
Te aconselho a parar com os "vazamentos" na imprensa. Já existem elementos de sobra para a própria AR entrar com uma ação de indenização por danos morais, seja em defesa da Diretoria, seja da própria instituição. Vale lembrar que a associação já tem uma assessoria contratada, e os custos de um processo para a AR são mais suportáveis que no caso de uma pessoa sozinha. Volto a dizer: não estou aqui te ameaçando, mas tentando chamá-lo à razão.
E um conselho: encerre esse assunto e, caso deseje realmente mudar a postura pública da AR perante diversos assuntos, vá atrás de representatividade e não atrás da desagregação da própria Associação.
No mais, estamos entendidos. Por favor, não vamos eternizar réplicas e tréplicas.
Grande abraço,
Leonardo de Moraes 



De: Fernando Mares
Para: assoc_roteiristas@yahoogrupos.com.br
Enviadas: Quinta-feira, 21 de Outubro de 2010 1:54:19
Assunto: Re: [assoc_roteiristas] Re: Pedido de esclarecimento para a Diretoria

Prezado Rapaz de Família,

É você quem usa "rapaz" no nome, eu não sou mais um rapaz, quem me dera, já tenho alguns cabelos brancos e uma filha já grandinha que me conta mitologia grega e discorre sobre a obra de Miró e Frida Kahlo com desenvoltura, mesmo sofrendo com condições neurológicas que atrapalham um pouco seu aprendizado.

Estive presente em algumas Assembleias da AR, inclusive a mais importante depois da fundação da ARTV, na qual criamos a AR, e sou Diretor da AR por quase meia década. E eu não causei incômodo nenhum, quem causou incômodo foram vocês, Presidente e colegas de Diretoria, agindo com autoritarismo e ilegitimidade.

Acho que a baixa taxa de comparecimento não se deve ao fato de que "poucos se dispõe a firmar compromisso pela AR", mas porque a data é marcada sempre em cima da hora, um mês da Assembléia, e como somos profissionais com agenda ocupada, é difícil remanejar um compromisso, viagem, ou plano de filmagem inteiro de véspera. Nas datas das últimas Assembléias eu não pude comparecer por ter compromissos contratuais pré-estabelecidos - filmando - ou por estar fora do país. Fica a sugestão de se marcar a data da próxima Assembléia Geral na própria Assembléia Geral que está sendo realizada, para que possamos nos agendar com antecedência e dedicar a data para a AR.

Sempre estive presente - física e virtualmente - à serviço da AR, só pra citar alguns casos dos dois últimos anos:  realizei o Estudo sobre o Edital de Desenvolvimento de Roteiros do MinC, que pode ser encontrado na capa de nosso site, viabilizei o apoio da AR ao curso do Robert Mckee, onde diversos associados cursaram de graça, coloquei a Denise no Conselho Consultivo da SAv, no último dia que isso seria legalmente possível, estive presente representando a AR no I Encontro de Roteiristas do Senac e da Revista de Cinema, onde apesar de eu ser da AC, defendi as posições da AR junto com a Ana e o Romeu, esclarecendo nossas posições e contestando afirmações de colegas da outra entidade, representei a AR no Festival de Brasília, a lista é grande, rapaz...

Fora isso, em meu veículo de comunicação, promovi a AR todo dia, 24 horas por dia, cubri a ida do Presidente à I Conferência Mundial de Autores-Roteristas, divulguei o encontro da Fedala - não fui ao evento, apesar de estar elencado para a mesa de direitos autorais porque minha filha pegou caxumba - promovi o trabalho dos associados, cursos, livros, estreias, etc, tudo isso no pequeno tempo livre que disponho, que poderia dedicar ao meu lazer e família.

Meu compromisso com a AR foi firmado há quase uma década, e se a AR é hoje uma entidade representativa e importante, não tenha dúvida que meu trabalho contribuiu muito para isso, e se alguém disser o contrário, está enganado ou mentindo.

Também acredito que é hora de união do colegiado. Vamos trazer de volta a Graziella, o Tairone, o Izaías, que saíram por causa de atitudes e palavras do Presidente. Não vamos permitir que o lauro nos deixe, motivado por ações e palavras do Presidente. Vamos fazer um compromisso em respeitar o bem comum de todos os roteiristas, e pelo espírito de fraternidade acima do individualismo.

Se eu e o Presidente estamos atravancando o caminho da união, por estarmos em extremos opostos, por mim, sairemos os dois de cena. Acho que a alternância de poder é salutar, e ouso inferir que o "incômodo" na verdade foi um "acômodo", de muito tempo do Marcílio na Presidência, se embebedou com o poder e esqueceu de respeitar as decisões coletivas e o direito alheio, mas não tem problema, que ele saia de cena com dignidade e ganhe uma cadeira de conselheiro vitalício, para usar a lista e a imprensa do jeito que gosta, como um Pedro de Lara, como um resmungão que só acredita em sua verdade individual e que se dane o direito dos outros.

Com meu destino na AR eu não me importo, volto a ser apenas um associado, como fui por muitos anos, e não será por isso que deixarei de trabalhar pela AR, mas não tenha dúvida que lutarei sempre pra que as decisões coletivas sejam respeitadas, e os princípios civilizatórios também. E se esse Presidente ou o próximo desrespeitar o Estatuto, as decisões de Assembléia ou Manifestos públicos, terá que ouvir meu brado ou me calar, e graças a maturidade que chegamos, ninguém nunca mais será calado aqui dentro.

A AR é muito importante para mim, e mesmo nesse "incômodo" ao qual você se refere, que não foi causado por mim, mas por atitudes equivocadas e precipitadas do Presidente, sempre tive a AR em primeiro lugar, e em minha reação ao abuso e a arbitrariedade, me sacrifiquei em nome da AR, e nunca quis matá-la como alegam alguns, apenas deixá-la mais forte e justa. E não duvido que ela sairá mais forte e justa desse "incômodo". Pelo menos acredito que as suspensões e exclusões sumárias, ilegítimas e autoritárias que aconteceram com vários associados no passado, nunca mais vão se repetir, e que os princípios que você deveria defender como advogado - e não defende - serão respeitados.

Não sei se vou conseguir ir à Assembleia, eu tenho compromissos contratuais dia 23 de novembro, bem longe do Rio, mas estou tentando negociar com meu produtor.

A frase que seu avô falaria, adaptação de Nietszche para uma citação latina em O Crepúsculo dos Ídolos, - virescit volnere virtus - teria uma versão mais precisa e mais apropriada para o nosso "incômodo", na seguinte opção, vertida por mim do original em latim: a virtude floresce através da ferida...

E eu ainda me encontro ferido por algumas palavras mentirosas que circulam por aí, nobre colega, e se você não acha isso, ajude a Diretoria, da qual você faz parte, a esclarecer os 26 pontos desta mensagem à qual você respondeu, mesmo sem responder nenhuma dúvida, somente usando a resposta para me atacar, num argumentum ad hominem claro e triste. Admito que joguei pesado contra o Marcílio - mas sempre fui justo - sempre argumentei, e mesmo as adjetivações sempre foram coerentes com o argumento. Joguei suas próprias palavras contra ele. Você contesta isso? Você contesta algum argumento meu que usei alguma vez em minha vida?

Você se considera um rapaz justo, Leonardo? Acha que o que foi feito comigo - e continua sendo feito, pois me encontro moderado, banido da lista da diretoria e difamado em documento oficial da AR - é justo?

Você tem cumprido seu juramento de advogado, de "defender a Constituição, a Ordem Jurídica do Estado Democrático, os Direitos Humanos, a Justiça Social, a boa aplicação das leis, a rápida administração da  Justiça e o aperfeiçoamento da Cultura e das Instituições Jurídicas."?

Grande abraço,

Fernando Marés de Souza

Em 10/20/2010 12:45, Ragazzo di Famiglia escreveu:
 
Já que o rapaz tocou no assunto sobre "fazer parte da Diretoria", vale lembrar aos colegas que dia 23 de novembro haverá a próxima Assembléia Geral, oportunidade para confirmar ou repudiar quem atualmente nos representa na associação.
Sou de SP, mas estive presente nas duas últimas assembléias no RJ. Sei que são poucos os que se dispõe a firmar compromisso pela AR.
Vamos aproveitar o incômodo causado por este "diretor", e transformá-lo em motivo de união.
Como diria meu avô, "o que não mata, fortalece".
Grande abraço,
Leonardo de Moraes


--- Em assoc_roteiristas@yahoogrupos.com.br, Fernando Mares escreveu
>
> Prezada Dr. Kátia,
>
> Basicamente, gostaria que a Diretoria da AR - da qual creio que ainda
> faço parte - prestasse os seguintes esclarecimentos:
>
> 1. Por qual razão estou moderado na lista dos associados desde o dia
> que regressei para ela, e se alguma mensagem minha deixou de ser
> enviada.
> 2. Por qual razão estou impedido de usar a lista da Diretoria, mesmo
> sendo Diretor.
> 3. Se a Diretoria tem conhecimento que eu alguma vez desrespeitei o
> Estatuto, a Lei, ou os Termos de Serviço de alguma empresa.
> 4. Por qual razão fui suspenso da lista geral da AR, visto que
> demonstrei que todas as acusações alegadas para meu afastamento
> eram falsas e não havia fundamentação em nenhuma regra, Lei ou Termo.
> 5. Por qual razão foi comunicado publicamente dia 29 de setembro que
> fui suspenso indeterminadamente sem que eu fosse antes ouvido, sem
> que eu fosse notificado, sem ter tido direito de prévia defesa e
> ao contraditório.
> 6. Por qual razão foi permitido que Associados me ofendessem na lista
> aberta durante meu afastamento, sem que nada fosse feito pela
> Diretoria para coibir as mensagens, sendo que várias mensagens
> ofensivas eram inclusive de membros da Diretoria e do Conselho.
> 7. Por qual razão o Conselheiro Tiago Santiago falou que eu estava
> sendo suspenso baseado no Estatuto da AR, e por que razão ele não
> se retratou do que disse quando isso se demonstrou uma inverdade.
> 8. Por qual razão o Conselheiro Tiago Santiago falou que eu estava
> sendo suspenso por violar as normas do Yahoo, mesmo antes de eu
> ser acusado formalmente disso.
> 9. Por qual razão foi emitido uma notificação dia 05 de outubro, seis
> dias após minha suspensão, contendo falsas alegações para o meu
> afastamento.
> 10. Por qual razão a Diretoria não apreciou minha defesa do dia 03 de
> Outubro, nem respondeu a defesa da notificação do dia 05 de outubro.
> 11. Por qual razão a acusação inicial que levou à minha suspensão, a
> "reprodução não autorizada de trechos copiados da lista geral e da
> lista privativa da diretoria no twitter do associado" desapareceu
> da notificação do dia 05 de outubro.
> 12. Por qual razão novas alegações falsas foram criadas no documento
> de 05 de outubro para tentar legitimar meu afastamento.
> 13. Por qual razão o Presidente da AR nunca foi punido por usar
> palavra chula em mensagem e eu sim.
> 14. A Diretoria ainda sustenta que eu "violei os Termos de serviço do
> Yahoo"?
> 15. A Diretoria ainda sustenta que eu "quebrei sigilo"?
> 16. A Diretoria ainda sustenta que eu " "reproduzi sem autorização
> trechos copiados da lista geral e da lista privativa da diretoria
> em meu twitter"?
> 17. A Diretoria reconhece meu direito legítimo de fazer oposição às
> ações do Presidente, ações que considero ilegítimas e que
> "provocações sistemáticas", no sentido linguístico, é a base de um
> conversação duradoura?
> 18. A Diretoria reconhece que eu tenho direito que se provem as
> acusações antes da aplicação da pena, pois o ônus da prova cabe a
> quem acusa, e que em minha defesa demonstrei não ter realizado
> nenhum ato que me foi imputado, e que a minha suspensão não foi
> baseada em nenhum regulamento, norma, lei ou termo?
> 19. A Diretoria reconhece que deve corrigir as informações falsas
> sobre minha pessoa comunicadas em documento oficial da AR para
> todos os Associados?
> 20. Sério que eu preciso listar para a Diretoria as irregularidades e
> dúvidas suscitadas no processo de meu afastamento?
> 21. O Presidente da AR finalmente pode dizer que agora conhece o
> Estatuto da AR?
> 22. Os Diretores podem afirmar que conhecem o Estatuto da AR?
> 23. O Estatuto da AR está publicado em algum lugar?
> 24. A Diretoria é comprometida em cumprir a Lei brasileira e a
> Declaração Universal dos Direitos do Homem?
> 25. A Diretoria reconhece que ao me suspender da lista, no mínimo,
> agiu de forma equivocada?
> 26. A Diretoria se acha em condições para continuar dirigindo a AR?
>
> É basicamente isso que desejo esclarecido por parte da Diretoria,
> Doutora Kátia.
>
> Por fim, umas perguntas pessoais para a Doutora, afinal, a senhora é
> nossa consultora jurídica e preciso conhecê-la melhor:
>
> 1. Gostaria de saber se a senhora acredita em normas que visam
> refletir o bem comum.
> 2. Qual sua opinião sobre a importância das regras escritas para a
> manutenção de nossa civilização.
> 3. Qual o princípio fundador de nossa civilização, na opinião da Doutora.
> 4. A liberdade individual está acima dos direitos coletivos?
> 5. A senhora já leu "Eumênides", de Ésquilo?
>
>
> Atenciosamente,
>
> Fernando Marés de Souza
> Diretor Regional Sul da AR
>

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Minha última mensagem para a AR

 Enviada dia 23/10/2010

Caros,

Aproveito que a eficiência da Diretoria para me desligar desta lista mesmo sob meu pedido expresso está sendo muito menor que a do dia 29 de Setembro, quando me desligou arbitrariamente em questão de minutos, e somado ao fato de minha filha agora estar dormindo e eu sofrendo de insônia, comento a recente mensagem de Marcílio Eiras Moraes para a lista da AR.

É sintomático que o Presidente da AR volte a escrever na lista da AR depois de dias, justamente minutos depois que declarei que minha mensagem enviada seria a última que enviaria. Foi mal Marcílio, me retrato do que disse. A última deve ser esta. Marcílio teme o debate, teme ser refutado, mas infelizmente, Marcílio, esse teu texto vai ser respondido, quer você goste ou não.

É sintomático também, que ao invés de esclarecer alguma coisa em busca da verdade, Marcílio tenta confundir ainda mais os fatos que se passaram por aqui nessas últimas semanas.

O Presidente diz: "Um tumulto foi provocado a pretexto da minha frase: “f... o bem comum”. Não é verdade, a pretexto de sua frase "foda-se o bem comum", dita há meses, travamos um debate que aconteceu há meses, aliás, debate não, pois o Presidente nunca contesta nenhum argumento meu, então, travei um monólogo com o Presidente sobre o bem comum, onde respondi legitimamente através da lista privada da Diretoria com cópia para o Conselho: "Foda-se o bem comum? Vai tomar no meio do cu da tua consciência individual concreta". A mensagem integral segue no final. Nenhum tumulto se deu na época, e ninguém mais falou nisso durante um bom tempo.

O Presidente tem o direito legítimo de dizer "foda-se o bem comum", desde que concorde em ouvir um "vai tomar no meio do cu da tua consciência individual concreta" em retorno. Ninguém vai levar o presidente ao tribunal por falar isso, como ele insinua tentando confundir os associados, e ninguém nunca disse que levaria ele ao tribunal por isso.

Ao tribunal, o Marcílio vai ter que ir para explicar as difamações que a Diretoria da AR faz ao meu nome em documentos públicos e oficiais da entidade, onde me condena e sentencia alegando fatos que não cometi, e sem base em fundamentação legal alguma.

O "tumulto" que o Presidente se refere, aconteceu há cerca de 25 dias, quando eu fui suspenso desta lista, meses depois dele ter dito a frase, suspensão motivada - alega a primeira acusação, mas não a segunda - por eu contar aos meus leitores que o Presidente declarou "foda-se o bem comum" ao seu colegiado, fato público e verdadeiro, e é meu direito como associado e cidadão contar para quem eu quiser esse fato, e ao fazer isso, não desrespeito nenhuma Lei, Termo ou regra escrita.

Notem que a comparação com Bento de Espinoza sendo expulso da Sinagoga de Amsterdan cabe ao que aconteceu comigo aqui na AR.  Foi o Presidente quem me puniu com um "Chérem", tentou me "Excomungar" da AR por palavras que escrevi, num dia 29 de Setembro, data em que o Vaticano comera a excomunhão do Imperador do Sacro-Império Romano Frederic II pelo Papa Gregório XI.

Enquanto o Presidente delira em ser condenado por "difamar o bem comum", e reproduz a condenação de Espinosa, onde se lê "por meio desse documento ficam todos avisados de que ninguém poderá manter conversação com ele... e de que ninguém poderá ler qualquer papel ditado por ele ou escrito por sua mão", incrivelmente não se dá conta que a AR produziu documento muito similar, a notificação pública do dia 05 de outubro, que diz o seguinte: "O afastamento da lista de discussão afeta a todos os membros do grupo de discussão da AR, estando, portanto, vedada a retransmissão de qualquer mensagem de outro associado que esteja sob moderação, sob pena de afastamento pela Diretoria Executiva da AR do grupo em período a ser determinado."

A história da tentativa de me silenciar na lista da AR - por gente que bradava contra a censura e qualquer cerceamento à liberdade de expressão - produziu dezenas de momentos irônicos - e ridículos - como este acima. Fico feliz que estejam todos bem documentados e guardados, e se um dia essas mensagens forem olhadas com atenção por alguém que queira estudar a história da AR através das discussão em seu fórum público, eu não me envergonho de nada que escrevi aqui até hoje.

Marcílio Eiras Moraes fugiu sempre do debate comigo, sempre usou falácias e tergiversou, e fica claro nessa mensagem, talvez a última que vou ler aqui dentro, que ele não tem senso do ridículo ao que se expõe, que sua contradição é flagrante, nem tenho certeza se sua "consciência individual concreta" consegue entender que essa lista de discussão é documento histórico e legal da AR, está arquivada em servidores privados e centenas de computadores pessoais, que aqui não é seu recôndito privado, e sim nosso "areópago" virtual. Sinal dos tempos, bem vindo ao mundo da internet, Marcílio.

Então peço aos colegas que se atenham aos fatos, e para isso produzo uma lista simples do que eu acuso o Presidente e a Diretoria, para que eles possam responder e parar de falar besteira tentando desvirtuar o assunto

1. Acuso o Presidente da AR de violar o Estatuto da AR por dizer na imprensa que "nós sempre fomos contra" a Classificação Indicativa contrariando decisão coletiva ratificada em Assembleia que determina em manifesto público que diz "somos a favor da Classificação Indicativa".

2. Acuso o Presidente da AR de violar o Estatuto da AR por determinar que nos retirássemos dos debates organizados pelo MJ com a sociedade organizada contrariando decisão coletiva ratificada em Assembleia que determina em manifesto público "que a classificação deve ser resultado de um diálogo permanente com a sociedade."

3. Acuso o Presidente da AR de violar o Estatuto da AR, os Direitos Humanos e a Constituição Brasileira por aplicar punição a um associado da AR sem que este tivesse direito a defesa prévia e ao contraditório antes da aplicação da pena e da publicação da sentença.

4. Acuso a Diretoria Executiva e o Presidente da AR de difamarem minha reputação ao imputar fatos não verdadeiros à minha pessoa em documentos públicos e oficiais da AR datados dos dias 29 de Setembro e 05 de Outubro.

5. Acuso a Diretoria Executiva e o Presidente da AR de até hoje não responder, deferir, indeferir, contestar ou refutar minhas defesas enviadas nos dias 03 de Outubro e 10 de Outubro, onde questiono as alegações feitas para tentar legitimar minha suspensão e que acredito provar minha inocência do que me acusaram.

6. Acuso a Diretoria Executiva e o Presidente da AR de extinguir a lista da Diretoria para apagar os arquivos que demonstrariam como se deu a decisão por minha suspensão no dia 29 de Setembro.

7. Acuso o Presidente da AR de não responder se considera sua novela Ribeirão do Tempo adequada para minha filha de 07 anos, mesmo dizendo que "sabe melhor o que é apropriado para o seu público."

8. Acuso o Presidente da AR de ser um bundão, ou seja, covarde, por dizer que se cala diante de ameaças quando deveria dar o exemplo como Presidente e nunca se calar diante de ameaças.

9. Acuso o Presidente da AR de ser injusto por não respeitar os princípios fundamentais da Justiça, da ampla defessa e do contraditório, e de ter realizado julgamento sumário à revelia.

10. Acuso o Presidente da AR de desconhecer o Estatuto da AR, por admitir que "Se nesta ação, deixou de atender a alguma formalidade técnica , estatutária ou legal não foi por má fé mas por mero desconhecimento das normas."

11. Acuso o Presidente da AR de não respeitar normas escritas por sempre achar que são feitas por paspalhos.

12. Acuso o Presidente da AR de ser hipócrita por se dizer defensor da liberdade de expressão e atentar contra minha liberdade de expressão no Fórum da AR.

13. Acuso o Presidente da AR de ser desagregador e causar a saída de Tairone Feitosa, Graziella Dantas e Izaías Almada da AR.

14. Acuso o Presidente da AR de ser omisso no atentado da Record contra o direito constitucional de todo cidadão brasileiro ao autoclassificar a novela Ribeirão do Tempo como "Livre para todos os públicos".

15. Acuso o Presidente da AR de não respeitar o direito de livre acesso à informação dos leitores do Roteiro de Cinema ao querer me punir por eles ficarem sabendo de fatos públicos e notórios.

16. Acuso o Presidente da AR de ser desinformado e irresponsável por acreditar que a lista da AR é seu recôndito privado e não a lista pública de todos os associados da AR.

17. Acuso o Presidente da AR de se hipócrita de me punir por usar palavra chula e não se auto-punir por também usar palavra chula.

18. Acuso o Presidente da AR de usar a AR para emitir suas opiniões pessoais na imprensa em nome da entidade sem ter legitimidade para isso.

19. Acuso o Presidente da AR de me obrigar a ter que fazer listas de acusações para deixar claro o do que eu acusei ele todos esses meses quando eu deveria é estar dormindo para poder ficar bem descansado amanhã para ir no parque.

20. Acuso o Presidente da AR de nunca ter lido Eumênides de Ésquilo, ou se de fato leu, não ter entendido porra nenhuma.

Fernando Marés de Souza
Ex-Diretor Regional Sul da AR

Remember the ghost of Wilson Alves...

Em 10/22/2010 22:27, marciliomoraes escreveu:
 

Amigos da AR,
Um tumulto foi provocado a pretexto da minha frase: “f... o bem comum”. Já esclareci o sentido em que foi empregada. Mas explico de outra forma.
Admito que o uso do verbo chulo foi inadequado. Eu poderia ter empregado “dane-se”, por exemplo. Mas naquela altura julgava estar entre amigos e nunca imaginei que em seguida entraríamos num clima de porta de cadeia.
No meu entender, “bem comum” é uma expressão do campo semântico de outras como  “lugar comum”, “senso comum”, etc. Pertence ao universo do clichê, ou seja, tudo aquilo que um escritor que se preze deve evitar.
Quando me acusam de ter proferido “Dane-se o bem comum”, a acusação me soa como paradoxo. É como acusar um médico de dizer “danem-se as mezinhas, porque eu sou um médico profissional”.
Se alguém quiser me fazer um bem (individual), por favor, me leve aos tribunais por ter pronunciado a frase (na versão original). Eu adoraria me ver diante de um Juiz e ser acusado de difamar o “bem comum”. Digo mais, seria honroso para mim ser condenado por tal afirmação.
Devidamente agrilhoado, me imprecariam maldições  semelhantes às que ouviu  Espinosa quando foi expulso da sinagoga de Amsterdã:
“Que o Senhor nunca mais o perdoe ou aceite... Por meio desse documento ficam todos avisados de que ninguém poderá manter conversação com ele... e de que ninguém poderá ler qualquer papel ditado por ele ou escrito por sua mão”.
E quando eu fosse conduzido para uma cela comum, um guarda mal encarado ainda me diria: “Isso é pra tu aprender, escritor de fezes. O bem comum não é pra qualquer um”.
Abraços. Marcilio

__._,_.___
Em 08/18/2010 19:28, Fernando Mares escreveu:
Prezado Presidente Marcílio Eiras Moraes,

Prezado Presidente do Conselho Consultivo Max Malmann Souto Pereira,

Prezada Diretora de Comunicação Sylvia Tereza da Palma de Mello,

Prezado Conselheiro Consultivo Newton Guimarães Cannito,

Prezados membros da Diretoria,

Prezados membros do Conselho Consultivo e Fiscal,

Prezado colega Romeu di Sessa,

Eu não quero falar de Hitler, mas o Presidente insiste em trazer Hitler para o debate. Faço denúncias graves sobre sua conduta e ele vem me dizer que não quer debater comigo, mas quer falar do conceito de "bem comum" de Hitler. Marcílio não abandona as falácias Hitlerianas, um Argumentum ad Nazium.

E eu querendo falar do bem comum e da Classificação Indicativa, e do comportamento que acuso ser antiético da Presidência e da Diretoria da AR.

Peço que leiam tudo o que eu tenho a dizer com atenção.

"A Lei de Godwin conhecida também como A Regra das analogias Nazistas de Godwin (...) tem por base uma afirmação feita em 1990 por Mike Godwin (...)  que diz: "À medida que uma discussão na Usenet cresce, a probabilidade de surgir uma comparação envolvendo Hitler ou nazistas aproxima-se de 1 (100%).” Há uma tradição em listas de discussões e fóruns que, se tal comparação é feita, é porque quem mencionou Hitler ou os nazis ficou sem argumentos." - http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_Godwin

Eu digo "foda-se o bem comum" de Hitler, ele pode chamar o que ele bem quiser de "bem comum". O que eu chamo de "bem comum" eu já expressei e deixei claro, é o bem da comunidade, valor da sociedade fraterna, um valor compartilhado por comuns e fundado na harmonia social.

Podemos agora falar desse "bem comum" e da condução do processo dos debates públicos sobre a Classificação Indicativa envolvendo a AR dentro e fora de sua esfera, Sr. Presidente, Srs. membros da Diretoria, Srs. membros do Conselho Consultivo e Fiscal?


Marcílio, quando você disse para todos os membros da AR, como Presidente da entidade que me representa, "foda-se o bem comum", você não só disse isso da boca pra fora, você apresentou um conceito para "foder" o "bem comum".

Há quase um mês, você se dirigiu ao Romeu na lista aberta da AR, e diante de todo o seu colegiado pronunciou essas palavras:

"Você acha que aos 65 anos, depois de tanta porrada vida a fora, eu vou aceitar que alguém, jovem ou velho, gênio ou babaca, venha me dizer o que é adequado para o público que eu escrevo?" Disse também que a classificação indicativa de faixa etária seriam "normas que algum paspalho resolveu que refletem o bem comum.  Ainda que refletissem: foda-se o bem comum!" e finalizou com pompa "Mais vale a minha consciência individual concreta que qualquer conceito coletivo abstrato". - http://br.groups.yahoo.com/group/assoc_roteiristas/message/29933 (22/07/2010)

Ou seja, você diz que "sua
consciência individual concreta" pode muito bem definir "o que é adequado para o público que você escreve" acima de quaisquer "normas que algum paspalho resolveu que refletem o bem comum"?

É isso que você está dizendo pro Romeu e pra todo mundo que leu sua mensagem. Estou errado?


E você tem a pachorra de ir a público como Presidente da AR dizer que estava sendo censurado porque as "normas de algum paspalho" detectaram que em sua novela há sexo, drogas, e rock'n roll, com direito a assassinato, abuso sexual e prostituição? Enquanto "sua consciência individual concreta" permite que sua emissora diga que sua obra é "adequada para" a minha filha de 7 anos? 

Responda, senhor Presidente, Ribeirão do Tempo é "adequada" para todos os públicos? Sua novela é adequada para a minha filha de 7 anos?

Foi isso que sua emissora - com a sua conivência - disse para o Ministério da Justiça.

Não acredito que Ribeirão do Tempo seja adequada para minha filha, pois não quero que minha filha seja exposta a sexo, drogas, assassinato, abuso sexual e prostituição sem necessidade. E se não tem a porra de um sinal me avisando disso no começo da tua novela, eu não tenho como saber, e corro o risco dela ser exposta a esse conteúdo por irresponsabilidade sua e de sua emissora. E se sua emissora põe um sinal que sua novela é Livre, e diz que sua novela é adequada pra minha filha de 7 anos, "paspalho" é você e a sua emissora.

Me diga em quem eu devo confiar, Presidente:

a) Na porra da tua "consciência individual concreta" que acredita que Ribeirão do Tempo é "adequado para" a minha filha ou simplesmente não se importa?

b) Na merda da sua emissora que diz que Ribeirão do Tempo é "adequada para" a minha filha quando de fato não é?

c) Ou na bosta das "normas que algum paspalho resolveu que refletem o bem comum" e mostram que Ribeirão do Tempo não é adequado para a minha filha por conter sexo, drogas, assassinato, abuso sexual e prostituição, e que classifica a obra como inadequada para menores de 14 anos, o que pelo menos se aproxima um pouco dos valores comuns da minha família, da minha comunidade, justamente porque essas "normas dos paspalhos" visam refletir o bem comum?

"Foda-se o bem comum"?

Vai tomar no meio do cu da tua "consciência individual concreta".


Você nega o princípio fundador da Classificação Indicativa, e isso é uma tremenda "babaquice", e contradiz inclusive a posição que você considera oficial da AR, nosso manifesto público que está em nosso site.

A Classificação Indicativa é uma conquista legítima da sociedade brasileira, Marcílio, para se defender de emissoras irresponsáveis iguais a Record, e de "paspalhos" individualistas iguais a você.

E você  botou o "foda-se o bem comum" em prática, levando sua "consciência individual concreta" a público, em detrimento dos interesses da nossa entidade, do bem da nossa comunidade de Roteiristas. Despreparado, desinformado e precipitado, cheio de esqueletos no armário.

Diz o jornalista Daniel Castro "a novela Ribeirão do Tempo teve a reclassificação mais alta: é agora imprópria para menores de 14 anos, inadequada para veiculação antes das 21h. Como nos outros casos, a medida não altera sua transmissão, já realizada em horário apropriado para seu conteúdo (depois das 22h).O monitoramento do Ministério da Justiça detectou na novela de Marcílio Moraes o "consumo repetido de drogas lícitas, linguagem de conteúdo sexual, insinuação sexual, erotização e violência", além de "violência familiar e abuso sexual". Segundo o ministério, a Record, que inicialmente autoclassificou a novela como livre, foi advertida em 23 de junho. No último dia 8, alterou a autoclassificação para imprópria para menores de 10 anos, o que o governo não aceitou. A Record, por meio de seu departamento de comunicação, não comentou a reclassificação de seus programas."  - http://noticias.r7.com/blogs/daniel-castro/2010/07/15/governo-reclassifica-novela-das-18h-ribeirao-e-legendarios/ (15/07/2010)

"A novela "Ribeirão do Tempo", da Record, viveu um folhetim à parte, o da classificação indicativa. Passou de "livre" para "não indicada a menores de 10 anos" e, agora, imprópria para menores de 14 anos por conter "drogas e erotização". Para o autor Marcílio Moraes, "esses conceitos são ridículos .(...) Tentam quantificar a subjetividade". - Folha, Outro Canal (21/07/2010)

Dia 21/07, diz o Marcílio em mensagem para a lista aberta: "CENSURA: (...) A propósito da minha declaração (...) à Folha de São Paulo, hoje, acabo de receber um telefonema do Secretário Nacional de Justiça, Pedro Abromovay. Eu propus fazermos uma reunião com ele. Uma reunião de alguns autores com ele. Ele topou. Poucas pessoas, claro, entre as mais expressivas, aqui no Rio ou São Paulo." - http://br.groups.yahoo.com/group/assoc_roteiristas/message/29897

E a "consciência individual concreta" do Marcílio com seu exército de Brancaleone particular formado por "poucas pessoas entre as mais expressivas" vai a público, dizendo pra Imprensa, para toda a Sociedade o seguinte:

"Composta por autores como Walcyr Carrasco, Silvio de Abreu e Maria Adelaide Amaral, a Associação de Roteiristas de TV, Cinema e Outras Mídias discute uma reunião com o Ministério da Justiça com o tema "classificação indicativa obrigatória". Moraes, que é presidente da associação de roteiristas, reafirmou a posição contrária à lei de classificação, mas quer organizar encontro de autores com o secretário. (...) "Qual é o problema? Os critérios? Os critérios não são fechados, vamos debatê-los", disse o secretário nacional de Justiça." - http://www.direitoacomunicacao.org.br/content.php?option=com_content&task=view&id=6949 (27/07/2010)

"A Associação de Roteiristas de TV, Cinema e Outras Mídias discutirá em uma reunião com o Ministério da Justiça o tema "classificação indicativa obrigatória", segundo a coluna Outro Canal da Folha de S.Paulo. O autor de "Ribeirão do Tempo", da Record, Marcílio Moraes, declarou à coluna que considera "censura" a obrigatoriedade de classificar as obras." - http://www.adnews.com.br/negocios/106635.html (27/07/2010)

"Moraes reafirmou sua posição contrária à classificação, porém propôs ao secretário a realização de um encontro entre vários novelistas e representantes do MJ para discutirem os critérios adotados. "Sempre fomos contra. O argumento é básico: ninguém tem mais interesse em não ferir o público que nós, autores. O poder do público é fatal. Ele pode decidir desligar a televisão”, diz o autor da Record." - http://natelinha.uol.com.br/2010/07/29/not_32944.php (29/07/2010


O manifesto
da AR publicado em nosso site desde 2007, que você aponta como posição oficial da AR, Presidente, e que é assinado por você, pelo Newton Cannito e por dezenas de membros da nossa entidade diz expressamente que somos "a favor da classificação indicativa" e que sabemos que "que essa classificação é um direito do cidadão", e você, Presidente da AR, vai na imprensa "reafirmar sua posição contrária à classificação" e dizer que nós "sempre fomos contra"? Nós quem, cara pálida? - http://www.ar.art.br/informateca/escritos/atualidades/janeiro/manifesto.htm

Sua "consciência individual concreta" está acima até das "normas que algum paspalho resolveu que refletem" a posição oficial da AR sobre a Classificação Indicativa? O que pode ser entendido como um "bem comum" dos Roteiristas da AR?

"Foda-se o bem comum"?

Vai tomar no meio do cu da tua "consciência individual concreta". [2]


Uma semana depois, o jornalista bem preparado, que leu nosso manifesto no site e o cita na matéria, Daniel Castro, diz que "os autores fazem questão de frisar que não são contra a classificação indicativa das obras audiovisuais. São contrários, isso sim, à reclassificação indicativa, como ocorreu recentemente com Ribeirão do Tempo (...) Marcílio Moraes defende que o governo não tenha mais esse poder." - http://noticias.r7.com/blogs/daniel-castro/2010/08/09/autores-de-novelas-pedem-fim-da-reclassificacao-indicativa/ (09/08/2010)

Sério, Marcílio Moraes? E quem você acha que deve ter esse poder de "reclassificar a obra"? Sua "consciência individual concreta"?

Você continuou atacando na imprensa os princípios da Classificação Indicativa pelos quais somos favoráveis e deixamos expresso no documento que publicamos em nosso site e que você indica como sendo posição Oficial da AR.

O que dá ao Governo esse "poder" que o você diz que é contra, é justamente a Constituição Federal, os princípios fundamentais da sociedade brasileira. Nosso manifesto diz que a AR "sabe que essa classificação é um direito do cidadão, garantido na Constituição", mas a "consciência individual concreta" do Marcílio também está acima das "normas que algum paspalho resolveu que refletem" os direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, a tal da Constituição Federal, instrumento que visa regular o "bem comum" de toda a sociedade brasileira.

"Foda-se o bem comum"?

Vai tomar no meio do cu da tua "consciência individual concreta". [3]


Nosso Presidente desrespeita os valores comuns de todos os Roteiristas da AR, e os valores comuns de uma Nação inteira para exercer plenamente a liberdade de sua "consciência individual concreta" na imprensa.

Com um discurso incongruente e desinformado, beirando os limites da desonestidade ou da ignorância. Eu venho alertando esse fato há semanas, e ao invés do Presidente se "adequar", ele se ofendeu e nunca reconheceu que em algum momento esteve errado, e até hoje não sei se sua  "consciência individual concreta" está mesmo ciente de tudo que está se passando. Então eu notifico a Diretoria e os Conselhos Consultivo e Fiscal o que está acontecendo. E se ninguém tomar nenhuma providência vou notificar o Colegiado da AR.


E nos últimos dias, como pode ser lido por qualquer um na imprensa, a AR e seu grupo de "poucas pessoas entre as mais expressivas", fogem do Secretário de Justiça com o rabo entre as pernas, dizendo publicamente estarem muito ocupados para o assunto no momento.

Quando estávamos no "abaixo a censura e a ditadura" todo mundo tinha tempo, mas quando somos convidados a jogar pelas regras democráticas, estamos todos muito ocupados e deixa pro ano que vem.

"Moraes foi recentemente procurado duas vezes pelo secretário nacional de Justiça, Pedro Abramovay, para discutir o assunto. "Vamos deixar para depois das eleições. Agora não é o momento", diz. Segundo Moraes, autores importantes da Globo, como Silvio de Abreu e Walcyr Carrasco, estão dispostos a irem a Brasília negociar com o Ministério da Justiça. O problema é que os três estão atualmente muito ocupados com suas novelas." - http://noticias.r7.com/blogs/daniel-castro/2010/08/09/autores-de-novelas-pedem-fim-da-reclassificacao-indicativa/ (09/08/2010)

"O governo federal está disposto a negociar mudanças no sistema de classificação indicativa de programas de TV, filmes e jogos. Em entrevista ao blog, o secretário nacional de Justiça, Pedro Abramovay, afirmou que está disposto a rever critérios e faixas de horário. Abramovay disse também que espera que os autores levem ao governo críticas e propostas bem fundamentadas, e não apenas queixas de que classificação indicativa é censura. O secretário lembrou que já procurou duas vezes Marcílio Moraes, presidente da AR, para discutir o assunto. Moraes, contudo, está muito ocupado escrevendo a novela Ribeirão do Tempo e quer adiar as conversas para depois das eleições." - http://noticias.r7.com/blogs/daniel-castro/2010/08/10/governo-admite-alterar-regras-da-classificacao-indicativa/ (10/08/2010)

Ontem saiu essa:
"O encontro que seria promovido pelo Ministério da Justiça (MJ) com os novelistas da TV, entre eles Marcílio Moraes, Maria Adelaide Amaral e Sílvio de Abreu, sobre a classificação indicativa, ainda não tem data para acontecer. O motivo é que a maioria dos autores está com suas tramas no ar, o que toma muito tempo e os impedem de encontrar uma data em comum para realizar a reunião." - http://natelinha.uol.com.br/2010/08/17/not_33393.php (17/08/2010)

Todos nós estamos muito ocupados, Marcílio, isso não é exclusividade dos novelistas de TV aberta, e se me dedico a debater esse tema com responsabilidade, e a estudá-lo com carinho, isso toma muito tempo, e faço isso em detrimento de um tempo que poderia dedicar ao meu lazer, a minha família e ao meu descanso, e até negligencio meu trabalho.

Mas faço isso por acreditar no bem da nossa comunidade, no bem da minha filha e no bem das minhas duas sobrinhas, no bem de suas colegas da escola onde dou aula de dramaturgia para crianças. Pelo bem da nossa Comunidade de Autores Roteiristas que em comunhão enfrentam a questão da Classificação Indicativa em seu cotidiano. E por todos os pais que enfrentam a dúvida de mostrar ou não uma obra audiovisual pros seus filhos antes de assisti-la.

Sua postura vem sendo de uma arrogância tremenda, como se o Secretário de Justiça também não fosse um cara muito ocupado. Como se o pai que se ausenta e deixa os filhos assistindo televisão desacompanhados durante o dia também não fosse um cara muito ocupado.

Você e seu grupo de "poucas pessoas entre as mais expressivas" promoveram um papelão em nome da AR na imprensa. Perderam o debate no Colegiado por não conhecer o assunto. Estão perdendo o debate na imprensa prum Secretário de Justiça em começo de carreira.

Sorte da AR que ninguém na imprensa  abordou o fato de que a reclassificação de Ribeirão do Tempo foi uma presepada sua e da Record. Sorte da AR que nenhum espertinho vazou o teor de suas mensagens mandando o bem comum se foder para imprensa. Sorte da AR que o Daniel Castro não comparou o que diz nosso manifesto com o que diz o nosso Presidente. Sorte da AR que eu não sou o Secretário Nacional de Justiça e não estou escrevendo tudo isso no Observatório da Imprensa.


Quer dizer que a AR vai a público reclamar da Classificação Indicativa, coloca o assunto na pauta, aparentemente liderando um movimento por mudanças, e quando o Governo admite alterar as regras, ou seja, redigir uma nova portaria, chamando os Roteiristas para debater e "receber críticas e propostas bem fundamentadas", nosso grupo de "poucas pessoas entre as mais expressivas"  foge com o rabo entre as pernas e diz publicamente estar muito ocupado para o assunto no momento melhor deixar pro ano que vem"?

O Mínimo que a Diretoria deve fazer em caráter de urgência é comunicar a imprensa que formou uma Comissão para formular um documento sobre a Classificação Indicativa que represente a visão dos roteiristas, que são "a favor da classificação indicativa" e "sabem que essa classificação é um direito do cidadão, garantido na Constituição", e que irá apresentar à sociedade e ao governo "críticas e propostas bem fundamentadas" o mais breve possível. O Máximo que a AR pode fazer é apresentar essas "críticas e propostas fundamentadas". O Irônico seria dizer que não aceitamos negociar porque é censura e somos contra. Desculpa deslavada e vergonhosa é dizer que estamos muito ocupados.

Repito a adjetivação pejorativa que usei lá no começo do debate quando o Marcílio veio com esse discurso de "foda-se o bem comum":

Nosso Presidente e seu seu grupo de "poucas pessoas entre as mais expressivas" não passam de "garotos mimados".

"Paspalhos" individualistas.

Tratam como se fosse uma questão individual de alguns autores de novela uma questão pertinente à toda comunidade de roteiristas. Pertinente à toda a sociedade.

A AR é um grupo de "poucos indivíduos mais expressivos muito ocupados" ou uma entidade comum dos roteiristas?


No dia 27/07/10, antes das recentes declarações do Marcílio na imprensa, o Romeu escreveu: "Marcílio (...) NA MINHA OPINIÃO o encaminhamento pra isso deve, a partir de agora, ser um pouco mais formal. Talvez fazer um grupo de trabalho dedicado ao assunto, talvez fazer uma outra condução do debate. (...) Segundo, se permite dizer isso sem ficar bravo, eu no seu lugar, pelo menos por enquanto, evitaria de expressar a posição da entidade, até que essa nova rodada de decisões chegue ao fim." - http://br.groups.yahoo.com/group/assoc_roteiristas/message/30072

O Walcyr Carrasco, uma das "poucas pessoas entre as mais expressivas" respondeu minutos depois: "Caro Romeu,  Até o momento tenho evitado entrar nessa discussão porque ando ocupadíssimo. Mas não posso aceitar que você queira burocratizar a entidade, criando grupos de trabalho, discussões. Esse tipo de encaminhamento funciona muito bem para grupos estudantis. Mas uma entidade com expressão nacional precisa, sim, ter um presidente e uma diretoria com voz ativa para defender seus princípios." - http://br.groups.yahoo.com/group/assoc_roteiristas/message/30091

E vocês podem me responder, Sr. Marcílio Moraes, Sr. Walcyr Carrasco, Srs. membros da Diretoria, Srs. membros do Conselho Consultivo, se nosso Presidente e nossa Comissão Extra Oficial formada por "poucas pessoas entre as mais expressivas" vem defendendo os NOSSOS "princípios"?

É a Comunidade da AR que deve levar essa questão adiante defendendo fielmente seus princípios, não "poucas pessoas entre as mais expressivas e muito ocupadas". E do jeito que essas pessoas deixaram o cenário, tudo não passou de uma comédia pastelão roteirizada por eles. Aos olhos da Sociedade, somos uma entidade de discurso vazio e contraditório cujos membros são uns "paspalhos" pomposos e muito ocupados.


A Diretoria vai criar imediatamente uma Comissão Oficial e vai instaurar o debate para formular "críticas e propostas fundamentadas" sobre a Classificação Indicativa, que represente a visão dos roteiristas, para apresentar à sociedade e ao governo, não fazer isso fere um princípio da posição Oficial da AR indicada pelo Presidente e assinada por ele, pelo Newton Cannito e por parte da Comunidade da AR, onde diz que somos "a favor da classificação indicativa [e] que a classificação deve ser resultado de um diálogo permanente com a sociedade."

A decisão da Diretoria de cercear o debate sobre a Classificação Indicativa é arbitrária e incompreensível, porém muito engraçada e irônica vinda de quem pregava o "abaixo a censura e a ditadura". A Diretoria deveria também criar uma outra Comissão, do Direito Autoral, que é outra esfera de debate com a sociedade e o poder público onde temos muito a ganhar e muito a perder.

Exijo reconhecimento imediato de que o Romeu, a Graziella, o Cacá e eu - e quem mais quiser entrar na Comissão e debater - fazemos parte de uma Comissão Oficial da AR, aberta a todos os membros interessados, com liberdade para redigir um documento visando um consenso, para apreciação e votação no colegiado, fazendo uma análise crítica do atual modelo de Classificação Indicativa, uma análise estudada e fundamentada.

A única maneira da AR ganhar esse debate é apresentar um documento consistente à sociedade, ao poder público, às emissoras e à imprensa, com "críticas e propostas fundamentadas". Mas ganhar um debate público seria só o Mínimo. O Máximo é transformar a Classificação Indicativa em algo melhor e mais parecido com o que nós Roteiristas desejamos. Numa tentativa de consenso com as outras Comunidades envolvidas, para o bem de toda a sociedade, procurando um bem comum. Se vocês não desejam nada disso, parem de bloquear o caminho. E se desejam algo, entrem para a Comissão.


Se houve desgaste na lista foi por culpa da condução da abordagem por "poucas pessoas entre as mais expressivas", questionando a legitimidade de algo que é legítimo, pregando a consciência individual frente aos critérios escritos, mandando o bem comum se foder, defendendo o direito limitado das emissoras como se fosse um direito individual e absoluto do autor, confundindo Classificação Indicativa Obrigatória com vinculação de horário. Tratando a questão como se fosse pertinente somente aos autores de novela, alguns "poucos indivíduos expressivos".

E colegas da Diretoria - que irônico - vocês estão numa situação de traidores da posição Oficial da AR. Vamos voltar imediatamente a ser "a favor da classificação indicativa" e exercer o "diálogo permanente com a sociedade". A mesquinhez individualista de alguns autores de novela não podem estar acima dos interesses de toda a Comunidade de Roteiristas que a AR representa, e muito menos acima do "bem comum" de toda a "sociedade". A "consciência individual concreta" não pode estar acima de nenhum "bem comum", não pode estar acima da Constituição, do Estado Democrático e de suas Leis.

A Diretoria botafogo quando o lance é queimar o palácio contra a censura, mas na hora de debater com lógica e fundamento dentro das regras do estado democrático ela declina?

Eu sou membro da Diretoria e não declino, se o poder público e a sociedade desejam ouvir uma posição da AR sobre como melhorar a Classificação Indicativa, eu, e diversos membros da nossa Comunidade de Roteiristas temos "críticas e propostas fundamentadas" para apresentar, e vamos apresentar essas propostas. Vamos debater sim esse tema. E vamos debater é agora. E vamos corrigir as informações equivocadas passadas pelo Marcílio para a imprensa, indo a público dizer que somos "a favor da Classificação Indicativa", que sabemos "que essa classificação é um direito do cidadão, garantido na Constituição" e desejamos exercer um "diálogo permanente com a sociedade" para aprimorá-la.


Como membro da Diretoria da AR - em harmonia com a posição Oficial da nossa entidade, desafiando a decisão arbitrária do resto da Diretoria de que a Classificação Indicativa não é "uma questão oportuna para a gente discutir no momento" o que "vem justamente a configurar censura", digo, não "vem justamente a configurar censura", mas é uma decisão abusiva, que "acaba prejudicando muitos por determinação arbitrária de alguns", uma "babaquice de paspalhos", uma grande ironia, uma piada hilária que fere os princípios indicados como nossa posição Oficial - agindo pelo interesse comum de todo o Colegiado da AR, venho instaurar através deste Ofício a Comissão da Classificação Indicativa proposta pelo colega Romeu di Sessa.

Faço isso para recuperar um "bem comum" que é de toda a Comunidade da AR, e que não pode se sujeitar a  "consciência individual concreta" de um grupo de "poucos indivíduos expressivos e muito ocupados" que vem conduzindo um debate público em nome da AR, sem nenhum respeito aos nossos princípios, sem nenhuma legitimidade.

Como membro da Diretoria da AR declaro que a Comissão da Classificação Indicativa é uma Comissão Oficial da AR, instaurada em regime de urgência, e que se comunicará através do lista do Yahoo Grupos que é a mesma plataforma da lista geral: http://br.groups.yahoo.com/group/ar_cci/
 
Como membro da Diretoria da AR declaro que ela será anunciada como uma Comissão Oficial e aberta para todos os membros que desejem participar e opinar, seguindo a vontade da maioria dos membros, que são "a favor da Classificação Indicativa e sabem que essa classificação é um direito do cidadão, garantido na Constituição" e desejam "um diálogo permanente com a sociedade", visando elaborar um documento com "críticas e propostas fundamentadas" para apreciação do Colegiado e de toda a sociedade.

Se o Marcílio como Presidente não anunciar a criação da Comissão Oficial, ou a Sylvia como Diretora de Comunicação não anunciar a criação da Comissão Oficial, ou o Max como Presidente do Conselho Consultivo não anunciar a criação da Comissão Oficial, ou algum outro Conselheiro não anunciar a criação da Comissão Oficial, minha própria "consciência individual concreta" irá anunciar amanhã de manhã a criação da Comissão Oficial com pompa e gala para todos os colegas na lista aberta, acompanhado de duras críticas à "consciência individual concreta" de alguns de vocês.

Refleti muito e acredito ser essa a única atitude moralmente aceitável de um membro da Diretoria, cumpro o meu papel de Diretor da AR, defendendo toda a Comunidade da AR, pois a Comunidade da AR está acima da "consciência individual concreta" de todos vocês, e a AR precisa resgatar sua dignidade pública e cumprir suas responsabilidades no que tange essa matéria.


Agora vou arrumar minha mala que também sou um sujeito muito ocupado, sorte que penso rápido e metralho um teclado como um bom profissional.

Quero poder ficar um pouco mais com minha filha antes de viajar amanhã para o Rio de Janeiro, pra começar a escrever um roteiro de cinema para o mestre Carlos Manga, sendo que um dos limites impostos pelos meus produtores é de que seja adequado para todos os públicos.

Espero ler uma resposta individual de todos os Conselheiros e Diretores. E se me vierem falar de Hitler, eu mando tomar no meio do cu de suas "consciências individuais concretas".

Atenciosamente,

Fernando Marés de Souza
Diretor Regional Sul da Associação dos Roteiristas

Curitiba, 18 de Agosto de 2010


Em 08/17/2010 12:52, marciliomoraes escreveu:
Fernando,
Pelo teor da sua mensagem, eu percebo que você sequer teve um vislumbre do que eu estava falando, o que deve ser um sinal dos tempos. E não estou com tempo nem disposição para explicar. Na verdade, não quero debater com você.
Assim que tiver uma folga, vou postar uma mensagem na lista geral colocando melhor minha posição.
Quanto a Hitler, não sou eu, é você que o cita. Confira abaixo:

“O socialismo é a ciência que se ocupa do bem comum. Socialismo e comunismo não são a mesma coisa. O marxismo não é socialismo. Os marxistas se apropriaram do termo e mudaram seu significado. Vou tirar o socialismo dos socialistas. (…) Nossos antepassados compartilhavam terras e cultivavam a idéia do bem comum. O marxismo não tem o direito de disfarçar-se de socialismo. Ao contrário do marxismo, o socialismo não rejeita a propriedade privada. Ao contrário do marxismo, não implica renegar a própria personalidade. Ao contrário do marxismo, o socialismo é patriótico. (…) Exigimos que o Estado satisfaça as justas reclamações das classes produtoras com base na solidariedade racial.” (HITLER. Resposta a George Sylvester Viereck, Liberty, 1932.

Abraços. Marcilio




On Ter 17/08/10 20:36 , Fernando Mares sent:

Marcílio,

É ridículo sustentar que Hitler - um cara que promoveu o extermínio de judeus, ciganos, homossexuais, deficientes - também queria o bem comum. O bem comum é o bem de toda a comunidade, é o interesse da coletividade acima dos interesses individuais, é o princípio da fraternidade e da justiça.

O respeito ao bem comum é o valor máximo da ética humana e social, é o respeito ao bem de toda a sociedade, e está acima de sua verdade e interesse individual. O bem comum é de todos e deve ser respeitado por todos, e só pode existir num ambiente de justiça e harmonia social. O respeito ao bem comum me foi passado como valor ético por meus avós religiosos cristãos, e também por meus pais ateus humanistas. Se você não consegue abstrair o que é o bem comum, há algo de muito errado em seus valores éticos.

E lá vem você de novo trazendo Hitler pro debate. Pois bem, segundo a teoria chamada "Lei de Godwin", todo debate longo na internet vai chegar a um ponto onde uma das partes vai citar Hitler. E se tem uma forma de definir o ganhador de um debate na Internet, uma lei imutável da discussão online, ela é a seguinte: aquele que citar Hitler primeiro para argumentar perde. E você já citou duas vezes.

Você perdeu esse debate Marcílio, e não por citar Hitler, o que só comprova que a Lei de Godwin faz sentido. Você perdeu por sustentar um discurso vazio, incongruente e desinformado sobre a Classificação Indicativa, enquanto eu trouxe um discurso coerente, fundamentado e que não foi refutado por você nem por ninguém, e que foi apoiado por dezenas de colegas.

É óbvio para quem quiser ver que você não se informou sobre o assunto que trouxe a pauta para ser debatido, desconhece os princípios legais e morais que cercam o tema, mas mesmo assim, numa atitude de extrema arrogância, se achou capacitado para falar por todos nós publicamente na imprensa. Ou seja, você impõe seus valores individuais acima dos interesses dessa comunidade chamada AR, e acima dos interesses de toda a sociedade, e mais uma vez, mesmo sem dizer, sua ação foi de "foda-se o bem comum".

Fico pensando se ainda sustento o que escrevi ontem, que ainda te apoio pra liderar nossa entidade, pois começo a pensar que se suas verdades individuais estão acima dos interesses da comunidade, você não deveria liderar uma comunidade.

E agora - que perdeu o debate - me pede para "não insistir" no debate, pois assim decidiu a diretoria, num "turning point" de extrema ironia para alguém que se dizia censurado.

Abraços,

Fernando

Em 08/17/2010 06:14, marciliomoraes escreveu:
Fernando,
Me surpreende que você tenha entendido tão literalmente minha frase "foda-se o bem comum". Vou ver se explico o mais literalmente que possa. Eu não quis dizer que sou favorável ao "mal comum".  Estava querendo dizer que o conceito de "bem comum" é tão frouxo, elástico, subjetivo, impreciso que não serve para nada. Hitler também queria o "bem comum". Stalin, Mussolini, Getúlio, Médici, etc. Essas abstrações servem a qualquer propósito. Prefiro a minha verdade individual.
Abraços. Marcilio



Fernando,
A diretoria se reuniu semana passada e considerou que a Classificação Indicativa não é uma questão oportuna para a gente discutir no momento
O assunto foi exaustivamente debatido há alguns anos e a tentativa de rediscutir dias atrás acabou provocando desgaste e irritação dos associados. O que pode ser frustrante mas é real.
Por isso eu te peço para não insistir.
Quem sabe ano que vem, como você mesmo aventou.
Abraços. Marcilio
ps. Filhos, eu tenho três




On Seg 16/08/10 23:53 , Fernando Mares sent: 
Caros,

Interessante -  e um pouco frustrante - que ninguém tenha comentado as declarações recentes do Marcílio e do Secretário Nacional de Justiça nas matérias do Daniel Castro há alguns dias. Eu, pra variar, vou comentar.

Segundo a matéria do dia 10/08, o Ministério da Justiça se diz aberto para ouvir "críticas e propostas bem fundamentadas" visando alterar as regras da classificação indicativa.

Fica claro nas declarações do Secretário Nacional de Justiça que eles estão abertos para alterar "as faixas de horário e os critérios". Aliás, sempre estiveram - a estrutura da Classificação Indicativa foi criada para se adaptar e evoluir - e se a redação dos critérios e mecanismos atuais não contam com nossa influência, é menos por culpa do governo do que nossa, mas não quero voltar a discutir isso. Acho que devemos reavaliar a questão e partir para um embate que vise influenciar na política pública.

Acho que é hora de nos perguntarmos qual modelo de Classificação Indicativa desejamos, quais devem ser seus critérios e mecanismos.

O texto é um pouco extenso, mas espero ao menos que a Graziella, o Romeu, o Décio, o Izaías, o Ratton, o Marcílio, o Tiago, o Walcyr, o Hofsetter, o Cristiano, a Denise, a Sylvia, a Renata, a Lilian, o Cacá, o Estevão, o Kito, o Marcos, o Roberto e a Ana, me concedam o privilégio dele ser lido até o final. Se alguém puder tecer algum comentário sobre ele, mesmo que seja para refutar ou corrigir algo que escrevi, também agradeço.


1. Da Posição Oficial da AR

Segundo o documento indicado pelo Marcílio como nossa posição oficial sobre o tema, a AR é "a favor da classificação indicativa de faixa etária dos programas de televisão. Sabe que essa classificação é um direito do cidadão,  garantido na Constituição. E (...) que a classificação deve ser resultado de um diálogo permanente com a sociedade."

Muito bom. Eu incluiria "de obras audiovisuais e", pois além dos "programas de televisão", a Classificação Indicativa rege sobre todas as obras audiovisuais, e é importante para todos os roteiristas. Quem nunca teve uma obra classificada não deveria se considerar roteirista audiovisual profissional.

Porém, o documento diz também que a AR "é contra a associação entre classificação indicativa e horário obrigatório de exibição do programa."

Tudo bem ser contra, eu não sou contra, mas se alguns colegas são contra, vamos debater, ou se acham que já está mais do que debatido, vamos votar. Mas não é só uma questão de ser contra ou a favor, o Secretário de Justiça diz ao Daniel Castro que "não abre mão da vinculação da classificação etária a horários, como pedem os roteiristas, porque há decisão judicial dizendo que essa é a interpretação correta da lei."

É isso que eu vinha dizendo antes, quando fui até acusado de ter "papo parecido com burocrata e jurista" ou de "agente governamental". O Secretário ainda posa de importante, dizendo que "não abre mão". Ele simplesmente não pode "abrir mão". É Lei Federal baseada na Constituição e em convenção internacional, e a obrigação do Secretário - e nossa - é cumprir a lei.

Extinguir a vinculação de horário não é uma decisão do Secretário Nacional de Justiça, nem do Ministro da Justiça, nem do Presidente da República, nem do Juiz, nem mesmo do do Supremo. Assim que se pronunciou o Supremo, rejeitando todas as ações contra a Classificação Indicativa e mandando os ajuizadores atentarem para o caráter infraconstitucional da questão.

Independente da posição que temos, devemos ao menos entender ou admitir que:

I - o espectro eletromagnético onde opera a televisão aberta é um bem da União, um bem comum, sua exploração depende de concessão e deve operar nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, regulação e outros aspectos institucionais (Constituição Federal, Art. 20 e 21)

II - a Classificação Indicativa, mesmo com vinculação de horário e faixa etária, não é censura (Constituição Federal, Art. 220 e 221)

III - o direito de radiodifusão por empresas concessionadas não é sagrado ou absoluto, e não pode ser confundido com direitos individuais de liberdade de expressão ou criação, e esse direito limitado e privilegiado de radiodifusão pode - e deve - ser regulado por Lei Federal (Constituição Federal, Art. 21 e 220)

IV - a mesma União que entrega o bem público em concessão para empresas emissoras de televisão tem o poder de - dentro do estado de direito e mediante processo legal - multar e punir com suspensão temporária as empresas que não cumprirem a regulamentação (Constituição Federal, Art. 221 e 223 e Estatuto da Criança e do Adolescente, Art. 76 e 254.)

V - a Convenção sobre os Direitos da Criança da ONU, do qual o Brasil é signatário, obriga os Estados Partes a promover a elaboração de diretrizes apropriadas a fim de proteger a criança contra toda informação e material prejudiciais ao seu bem-estar e incentivar os meios de comunicação a difundir informações e materiais de interesse social e cultural para a criança. (Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança, Art. 17)

VI - a vinculação de horário e faixa etária é prática da TV aberta na maior parte do mundo, e todos modelos compartilham de alguns aspectos comuns, sendo o brasileiro um dos mais permissivos, pois além de obras de Classificação Livre, permite também obras classificadas como 10 anos em qualquer horário, e tem um "watershed" de 12 anos às 20h, que é até cedo pros padrões internacionais. (Parental control of television broadcasting, Routledge)


Nosso documento oficial da AR diz que "Forçar, por exemplo, um programa a ser exibido em horário avançado, impede o acesso de parte da população e acaba prejudicando muitos por determinação arbitrária de alguns, o que vem justamente a configurar censura [e que a AR] está convicta de que obrigar a exibição de um programa em determinado horário é uma forma de censura.".

O documento está simplesmente equivocado, e isso não é questão de opinião, é um fato.

Minha opinião pessoal é que uma emissora "forçar" um programa de conteúdo maduro no horário em que a TV é usada também por pré-púberes é que  "impede o acesso de parte da população e acaba prejudicando muitos por determinação arbitrária de alguns".  Mas isso é só minha opinião - e também a opinião de muitos -  porém, obviamente isso não "vem justamente a configurar censura", nem preciso dizer que isso, bem, isso não vem nem virá a configurar censura e ponto. Censura é outra coisa. O mesmo artigo da Constituição que proíbe a censura estabelece limites de horário adequado. 

Dizer que configura censura é incorreto, é equivocado, e sabendo disso, sustentar que vinculação de horário é censura seria desonesto. Censura não é - e se depender de mim nunca será - permitida por essas bandas. É direito da AR discordar da vinculação entre faixa etária e horário, mas discordar da vinculação não a torna menos legítima, constitucional ou moralmente aceitável.

Nosso documento oficial ainda diz que a AR "considera que é direito do cidadão, dos artistas e das emissoras de televisão (que são concessões públicas e democráticas) definir o horário que o programa será exibido, de acordo com critérios de interesse da maioria da população." Na verdade é mesmo direito de todos, de interesse de toda a população, e justamente por ser um direito de todos, diz a nossa Carta Magna que para resolver os conflitos de interesses e direitos, compete a União regular. E ela regula.

Querem acabar com a regulação ou com a vinculação de horário? O Supremo já disse que não é com ele, as Leis são essas. Tentem mudar a Lei. Simples assim. Mas saibam que a sociedade, sabendo que é um direito constitucional e internacional da criança, vai chiar. Eu vou chiar, sou contra qualquer mudança de lei enquanto as emissoras não se organizarem para se auto-regulamentar e comprovarem na prática que podem se auto-regulamentar. Seria contra por minha filha, seria contra por mim mesmo como roteirista e cidadão. O que deve mudar é a Portaria nº 1.220/07 e seu Manual, não a Lei n° 8.069/90 ou a Lei n°10.359/2001, e muito menos a Constituição de 88.

Repito que o documento dito oficial da AR sobre a Classificação Indicativa está equivocado, independente de opinião, e me parece - salvo engano - que carece da legitimidade de apreciação do colegiado para ser posição oficial. E mesmo que seja um documento que indique uma posição oficial, nada nele proíbe o encaminhamento de novas abordagens e ações com relação ao tema.


2. Da Reclassificação

Segundo o Daniel Castro, na matéria anterior, do dia 09 de agosto, "A novidade agora é a revolta dos autores contra a reclassificação indicativa. Marcílio Moraes defende que o governo não tenha mais esse poder. 'Se o governo não concorda com a classificação feita pela emissora, ele tem de brigar na Justiça, para que a emissora possa recorrer e para que haja um julgamento', afirma".

Não precisa ser o Secretário Nacional de Justiça pra dizer que isso que o Marcílio propõe já acontece. A reclassificação é feita tendo garantido "o contraditório e ampla defesa" (art. 15 da Portaria nº 1.220/2007) quando a emissora pode contestar a reclassificação. Se a defesa não for deferida, e a emissora descumprir a reclassificação, a Lei é clara e impõe "multa de vinte a cem salários de referência; duplicada em caso de reincidência a autoridade judiciária poderá determinar a suspensão da programação da emissora por até dois dias."

A rica emissora que pague a multa em depósito judicial e recorra ao Juiz para provar que está certa. Como eu já expliquei aqui - e bem explica o Manual nas páginas 57 e 58 - o Ministério da Justiça não pune ninguém, ele identifica o descumprimento da Classificação Indicativa através de monitoramento, envia denúncia ao Ministério Público, que acata ou não, e que envia ao Poder Judiciário que julga a causa. Só um juiz pode aplicar a sanção mediante julgamento, no caso o Juiz da Vara da Infância e Juventude, onde a emissora tem novamente todo o direito a ampla defesa, e ainda pode recorrer até última instância. Mais justo e legal impossível.

E no caso de Ribeirão do Tempo, a  Record perderia qualquer julgamento, em qualquer instância, pois Classificou como "Livre para todos os públicos" uma obra que contem assassinato, relação sexual, consumo de drogas e abuso sexual. Ribeirão do Tempo não é Livre sob os critérios vigentes, nem nunca será sob critério algum. Se a Record não foi punida diretamente por esse ato irresponsável de exibir como Livre algo que definitivamente não é Livre, isso só mostra que a reclassificação cautelar funciona no propósito de ser um cartão amarelo antes do vermelho, antes de acionar um juiz para aplicar a pena.

O Marcílio e a Record deveriam é agradecer ao MJ pela reclassificação de Ribeirão do Tempo, pois sem ela, a emissora teria sido punida imediatamente pelo poder judiciário, com justiça, razão e fundamento. Se o MJ não notificasse o Ministério Público, qualquer cidadão poderia fazê-lo.

Pergunto aos colegas - e não é uma pergunta retórica - quantas multas já foram pagas até hoje pelas emissoras por descumprimento às regras da Classificação Indicativa?

Ademais, como disse pro Tiago, pode-se exibir a obra mediante liminar judicial. Se a obra está compatível com os critérios, pede-se ao Juiz em caráter emergencial uma decisão que sustente a exibição sob a classificação prevista, no horário previsto, sem ônus pra emissora.

Nada impede que haja um julgamento, a Lei prevê que haja um julgamento, e o governo vai brigar na justiça sempre - pois é isso que ele é obrigado a fazer - acionando o Ministério Público, que representa todos os brasileiros, incluindo a minha filha, para denunciar que uma obra foi classificada irregularmente e está fora das normas vigentes. Cabe a um juiz julgar se procede ou não a denúncia.

Por fim, quando o Marcílio diz ao Daniel Castro que o governo "não concorda com a classificação feita pela emissora", esquece que a obrigação legal de classificar é da União, não da emissora, pois como já citei em mensagem direcionada ao próprio Marcílio, a Constituição é expressa e diz que "compete à União exercer a Classificação Indicativa". Se existe um processo de auto-classificação, ele é meramente processual, e como disse o Secretário de Justiça na mesma matéria, "se não houver reclassificação, não tem classificação".


O que fica claro pra mim - e pra diversas pessoas que vem acompanhando as declarações do Marcílio na mídia - é que a AR tem um discurso desinformado e vazio sobre a Classificação Indicativa, sem propostas e sem críticas fundamentadas. Eu - com toda franqueza - me sinto constrangido.

Acho ainda mais constrangedor - e quase ofensivo - quando colegas me acusam de - ao contrário deles que teriam "conhecimento prático" - ter somente "conhecimento teórico" sobre o assunto, quando de fato tenho diversas obras classificadas e pelo menos duas reclassificadas, por culpa e irresponsabilidade das produtoras ou distribuidoras que nem me consultaram . Tratam esse assunto como de interesse exclusivo de alguns autores que escrevem novela para a TV aberta.

Pergunto aos colegas: quem aqui já auto-classificou sua obra baseado no Manual e preencheu a ficha de classificação indicativa? Eu posso dizer que já fiz isso mais de uma vez. Esse assunto é pertinente a todos os roteiristas, aliás, é pertinente a toda a sociedade, e quando luto por uma posição a favor da vinculação de horário, represento também minha filha, que é parte importante dessa discussão. É sobre um direito dela que alguns de vocês querem passar por cima.

Eu tenho conhecimento "teórico" e "prático" sobre a Classificação Indicativa  e o discurso desinformado e incongruente apresentado por alguns colegas vem demostrando que - novamente com toda franqueza - na verdade eles parecem não ter nenhum dos dois.


3. Das Emissoras e da Criatividade Artística

Segundo o que o Marcílio contou ao Daniel Castro, "o rigor da classificação indicativa vem gerando "paranoia" e autocensura dentro das emissoras de TV, podando a criatividade artística".

Na minha humilde opinião, adequar a obra que se está escrevendo a uma faixa etária específica nunca será "podar a criatividade artística". Aliás, como bem ensinaram todos os meus professores - Mckee, Truby, Taba, Doc, entre outros - as limitações criativas - de forma, gênero, orçamento ou faixa etária - não podam a criatividade artística, pelo contrário, inspiram-na, assim como as limitações de estrofes, rimas e métrica inspiram a criatividade do poeta. Trabalhar sem limitações criativas seria como "jogar tênis sem rede", pois são as demandas auto-impostas e artificiais que mexem com a imaginação, dizia o falecido Robert Frost.  "O principio da Limitação Criativa pede uma liberdade dentro de um círculo de obstáculos", diz Mckee. "Um bom roteirista é aquele que sabe trabalhar dentro dos limites auto-impostos e impostos pelo produtor", me disse Truby em Londres.


Quanto à "paranoia" e "autocensura" dentro das emissoras de TV, bem, a "autocensura" é um caminho para a tal auto-regulamentação, e se há "paranoia", então há incompetência. Auto-regulamentar não significa que cada autor com sua consciência individual define o que é adequado ou não para determinada faixa etária ou horário. Auto-regulamentar significa que as emissoras tenham conselhos fiscais e diretrizes escritas que norteiem o que é adequado ou não. Segundo o MJ, 90% das auto-classificações são homologadas, e os 10% restantes? São auto-classificações mal feitas ou há divergências que devem ser dirimidas no processo de reclassificação ou em juízo. Agora, o caso da novela do Marcílio, Ribeirão do Tempo, mostra que algumas emissoras são completamente incompetentes nessa questão, quando auto-classificam uma obra recomendada para o público maduro como sendo Livre para todos os públicos.

Como eu já disse antes, a primeira etapa para resolver o problema é que as emissoras se organizem para se auto-classificar com eficiência, e para - no futuro - poderem se auto-regulamentar plenamente. Os colegas que trabalham para essas emissoras devem exigir isso. A AR como entidade representativa também. Lá no século passado, o então presidente FHC deu um prazo de dois anos para as emissoras se auto-regulamentarem antes de instaurar a Classificação Indicativa com vinculação de horário - o que foi ilegal na visão de muitos - e o que aconteceu? As emissoras se auto-regulamentaram? Não, promoveram um festival de baixarias e sensacionalismo sem precedentes em busca de audiência.

E mesmo agora, passado mais de uma década, as emissoras ainda não se organizaram, e como muitos aqui criticaram - e com razão - fazem um péssimo uso da liberdade de imprensa radiodifundindo detalhes sórdidos - e irrelevantes - de crimes macabros na hora do almoço. Motivados por quê? Por lucro, que infelizmente parece ser o único valor que norteia algumas dessas corporações, mas que deveriam ser norteadas pelos princípios constitucionais que as regem.

A revolta do Tiago - que alegava estar sendo censurado por sua novela estar indo ao ar mutilada - deveria ser dirigida à Record, que insiste em reexibir sua obra em horário inadequado pelos critérios vigentes. É a Record - e mais ninguém - quem mutila a obra dele. Aliás, se está fazendo isso sem autorização expressa, fere o direito autoral moral do Tiago. E numa nota pessoal, ainda tirou o prazer da minha filha de assistir o Pica-Pau - que é Livre e não precisaria ser cortado. Então pergunto aos colegas: por que ao invés de reexibir "Os Mutantes" mutilado, ou o estrangeiro "Todo mundo odeia o Chis" no horário onde se deve respeitar a Classificação Livre ou 10 anos, a Record não exibe uma boa e inédita novela brasileira dedicada e pensada para o público infantil, juvenil e adulto? Se for encomendada aos produtores independentes, melhor ainda. A resposta é simples e só precisa de um caractere: $


4. Do Conselho Permanente

O Romeu deu uma ideia interessante lá atrás quando falou de um fórum para dirimir as divergências entre a auto-classificação e a classificação recebida antes de se emitir uma reclassificação cautelar ou acionar o judiciário. De fato isso existe em modelos estrangeiros. E talvez até no brasileiro.

Existe um "Conselho Permanente de Classificação", previsto pela portaria que cria o Departamento de Classificação em cujos assentos a sociedade organizada pode sentar. É esse o Fórum que devemos ocupar, sentar e debater, e serve para dirimir divergências.


5. Da Comissão da AR para a Classificação Indicativa

Convido todos os colegas - em especial a Graziella, que tem experiência e conhecimento do processo de consultas públicas da Classificação em 2007; o Romeu, que apresentou disposição para o debate e boas ideias sobre o tema; e o Décio, que tem conhecimento sobre controle de qualidade de programas de televisão - a pensar em um modelo mais adequado aos princípios dos roteiristas, artistas e técnicos do audiovisual e influenciar na política pública de Classificação Indicativa.

É ano de eleição, e o esfria que do Marcílio deu no Secretário foi muito bom. É no começo do ano que vem que a coisas podem mudar de fato. Todos os candidatos a presidência são a favor da Classificação Indicativa. Todos os candidatos são contra a Censura. Porém, não importa quem for eleito, o próximo presidente vai querer que a Classificação Indicativa se aprimore. É aprimorar a Classificação Indicativa que deve ser a bandeira, e não destruí-la. Mas acho bom elaborarmos a proposta e nos sentarmos nesse Conselho Permanente o quanto antes, para quando tomar posse o novo presidente da nação, o novo legislativo e o novo Ministro da Justiça, estarmos lá dentro antes deles com a proposta em mãos.

Recoloco "na mesa" a proposta do Romeu, de formarmos uma Comissão de membros da AR - como já fizemos várias outras vezes - para que em ambiente diferenciado - mas aberto para todos os membros que desejem participar - possamos discutir e formular uma proposta de aprimoramento da Classificação Indicativa para o novo governo que assumirá em 2011.

Em termos operacionais, é só a Secretaria e a Diretoria de Comunicação criem uma outra lista da AR - como tem a da diretoria - específica para debater o tema. Me coloco a disposição da Irene e da Sylvia para ajudar se for necessário. Não vejo isso como qualquer forma de "burocratização" da entidade e acho muito mais democrático, legítimo e eficiente do que um grupo de "poucas pessoas entre as mais expressivas" se reunindo com o Secretário ou debatendo o tema na mídia.


Essa Comissão da Classificação Indicativa redigiria um documento para apreciação do colegiado que nortearia a política da AR para o tema.

A comissão deveria se concentrar em:

I. sobre critérios de classificação

- estudar os critérios vigentes de classificação no Brasil e os critérios vigentes em outras nações

- pedir aos membros da AR que opinem sobre quais deveriam ser os critérios de classificação

- pedir aos conselhos de ética e controle de qualidade das emissoras pareceres sobre os critérios vigentes e propostas de alteração

- exigir que as emissoras que não possuam conselhos de ética, qualidade ou afins, criem esse conselho, e por fim exigir que todos os conselhos se comuniquem em um conselho unificado das emissoras de TV, pois isso é condição básica para uma futura auto-regulamentação

- pedir opiniões de propostas sobre critérios de classificação para outras entidades representativas de artistas e técnicos do audiovisual

- propor a implementação dos novos critérios de classificação e mecanismos para a gestão pública que começa no próximo ano


II. sobre a vinculação de horário

- fazer uma tabela comparativa da vinculação de horários e faixas etárias pelo mundo

- pedir aos membros da AR que opinem sobre qual deveria ser a grade de horário brasileira, principalmente o "watershed", ou o horário em que se começa a liberar conteúdos mais maduros

- exigir dos conselhos, programadores e representantes das emissoras que opinem sobre qual deveria ser a grade de horário brasileira

- pedir opiniões de propostas de grade horária de outras entidades representativas de artistas e técnicos do audiovisual

- formular uma nova grade que represente a visão da maioria dos roteiristas, artistas e técnicos do audiovisual

- propor ao poder público uma nova grade de horário que reflita a visão dos roteiristas, artistas e técnicos

- estudar os mecanismos de exceção de cumprimento de horário em outras partes do mundo

- exigir um mecanismo em que o programa possa ir ao antes do horário regular com aviso de não recomendação reforçado


III. sobre a reclassificação cautelar

- exigir que antes de emitir uma reclassificação cautelar ou acionar o Ministério Público, o Ministério da Justiça consulte um parecer do tal Conselho Permanente da Classificação Indicativa, que funcionaria como primeira instância de decisão para dirimir pequenas divergências


Por enquanto é isso.

Se eu escrevi alguma coisa errada por favor me corrijam. Como sempre, terei a humildade de reconhecer.


Abraços,

Fernando Marés de Souza


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